Por que "A Família do Futuro"?

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Singapore
O nome do Blog surgiu de uma brincadeira, pois é muito curioso pensar que estaremos fisicamente onze horas à frente de nossa terra natal. Em Singapore, teoricamente, tudo ocorre primeiro que no Brasil. Aqui tentaremos ser cronistas de nós mesmos, interpretando o mundo à nossa volta em palavras simples e diretas. Mostraremos as aventuras de Marco, Ro, Carol, Bernardo, Beatriz e Eduardo em terras distantes. Rev3: Durante o tempo de existência desse blog, esta introdução foi alterada 2 vezes por incremento de novos integrantes.

sábado, 30 de junho de 2012

Nuvem Negra


Posso dizer que já fiz grandes amizades aqui em Singapura.
Um deles é um italiano. Um especialista em sua área, com muita experiência em gestão de projetos e em produtos relacionados em conservação de energia.
Ultimamente estamos trabalhando e dividindo a responsabilidade por conduzir treinamentos e desenvolver negócios. Então, pelo grande tempo entre aeroporto, avião, clientes e hotel, foi fácil sair dos assuntos profissionais e entrar na vida privada - filhos, futuro profissional, churrascos em conjunto com as famílias, etc.
Por ser um habilidoso gerente de projetos ele tem algumas características pertinentes a essa função: sistemático, analítico e adora fazer projeções de riscos. Com tal perfil, para quem não o conhece bem, é fácil julgá-lo como uma pessoa complicada e pessimista.
Aí eu uso isso a meu favor para fazer piadas e tiradas irônicas. Então é comum eu dizer a ele coisas do tipo: “você é muito ranzinza”; “Só reclama e coloca defeito onde não tem”; “Putz cara pessimista”; “Olha aí, já vem vindo uma nuvem negra atrás de você”; etc.

A coisa se amplificou há alguns meses atrás quando roubaram o Iphone dele num estacionamento de um hospital de Singapura.
Ele foi acompanhar o filho pequeno numa consulta de rotina a um pediatra, ele esqueceu o aparelho dentro do automóvel e ocorreu o furto.
Foi tão inédito este evento que o pessoal da empresa ficou tirando o sarro dele por um bom par de semanas. Explico: o nível de crime é tão baixo em Singapura, que o pessoal daqui achou isso um absurdo, chegando ate a questioná-lo se ele realmente tinha sido roubado. Alguns insistiram para ele procurar pelo telefone no hospital ou na casa dele. Outros como eu, ficávamos enchendo o saco dele que ele seria a inspiração para os próximos episódios do "CSI" Singapura, ou do "Law and Order". Ou então que ele iria receber um premio do governo de Singapura, por ter sido a primeira pessoa daqui a ser roubada. Coisas desse tipo...
Outro fato do “ineditismo” do furto foi que este tipo de coisa não é muito comum por aqui. De tão incomum a polícia fica perdida e muitas vezes não sabe o que fazer.
Quando esse meu amigo foi dar queixa na policia, ele chegou a mostrar aos policiais que o aparelho possuía um aplicativo que possibilitava a localização do Iphone, com certa precisão. Ele conseguiu monitorar o Iphone utilizando outro aparelho similar da esposa. Mesmo mostrando que o celular estava já há alguns quilômetros de distancia, os policiais insistiram na hipótese de procurar o aparelho primeiro, e eles foram pessoalmente vasculhar o carro do italiano. Resultado: o celular foi parar na Malásia.
Enfim, o “nuvem negra” ficou muito bravo.

Na ultima vez que viajamos, antes da viagem, eu brinquei com ele que era preocupante seguir no mesmo avião, pois ele trazia muito azar.
Depois desse meu comentário uma serie de eventos se desencadeou, dando-me mais e mais munição. Parece brincadeira:
Primeiro: Tomamos o primeiro avião da manha. Sai as 6 horas da matina. Ele perdeu a hora de acordar. Não conseguiu tomar café da manha e teve que sair correndo com seu próprio carro, pois já não daria mais tempo em tomar um táxi. Ao final foi obrigado e deixar o carro no estacionamento do aeroporto por 3 dias. O detalhe é que estacionamento custa uma fortuna.
Segundo: Correu para não perder o limite para check-in. Ao chegar no aeroporto, foi informado que o vôo estava 45 minutos atrasado. Tempo mais que suficiente para ele ter ido de táxi.
Terceiro: Nessa correria todo ele se esqueceu de trazer dinheiro e escova de dente;
Quarto: Tomamos o vôo e ao aterrisarmos a mala dele havia ficado em Singapura. A mala chegou num outro vôo, depois de 8 horas.
Quinto: Ao chegar ao hotel que iríamos ficar hospedado, por equivoco do pessoal local que se confundiu com as datas da nossa viagem, não havia reservas e quartos disponíveis e tivemos que procurar outro hotel para dormir
Sexto: Retornamos sem maiores problemas. Ao chegar a Singapura ele me perguntou se queria uma carona para casa, pois ele estava com o carro no estacionamento do aeroporto. Aceitei. O problema é que o aeroporto possui seis diferentes estacionamentos, e por estar atrasado no primeiro dia da viagem, acabou se esquecendo de anotar onde havia deixado o veiculo. Depois de quase uma hora de busca, encontramos o carro.
Sétimo: Todos os carros de Singapura carregam um dispositivo eletrônico, que funciona como um “Sem Parar” - Aqui os pedágios e estacionamentos são pagos via este dispositivo automaticamente. Não se toca em dinheiro. A diferença é que você tem que inserir um cartão pré-pago. Ou seja, o motorista tem que prestar atenção quanto aos créditos carregados, pois a multa é salgada se você circular com o carro sem crédito - Ao tentar sair do estacionamento, fomos para a cancela e a mesma não se abriu, pois mostrou saldo insuficiente no cartão pré-pago dele.
E lá foi ele voltar para o estacionamento novamente para encontrar um caixa eletrônico para recarregar os créditos novamente. Depois de quase 30 minutos conseguimos encerrar a jornada e a semana.
Só sei que depois dessa viagem, consegui mais uns 3 meses de munição para aporrinhar o italiano.