Por que "A Família do Futuro"?

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Singapore
O nome do Blog surgiu de uma brincadeira, pois é muito curioso pensar que estaremos fisicamente onze horas à frente de nossa terra natal. Em Singapore, teoricamente, tudo ocorre primeiro que no Brasil. Aqui tentaremos ser cronistas de nós mesmos, interpretando o mundo à nossa volta em palavras simples e diretas. Mostraremos as aventuras de Marco, Ro, Carol, Bernardo, Beatriz e Eduardo em terras distantes. Rev3: Durante o tempo de existência desse blog, esta introdução foi alterada 2 vezes por incremento de novos integrantes.

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Beatriz - 30 dias de vida em 20 fotos

A nossa Singapuriana completou 30 dias de vida.

Como o tempo passa!!!!
Agora o resultado já esta em casa, mamando e crescendo bastante.

Continuando a tradição familiar ela também sofre de muitas cólicas depois das mamadas. Coisa que vem tirando horas de nosso sono noturno. A Rô aparenta estado físico de cansada, mas na verdade, não temos nenhum motivo para reclamar. Tudo esta muito bem.

Pena que os familiares e amigos não estejam aqui para compartilhar esses momentos.



















quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Beatriz - primeiros dias de vida

Ainda continua fresco na cabeça todas as preocupações pré-parto, expectativa sobre os procedimentos cirúrgicos e tratamento hospitalar.
Não recordo se já escrevi isso aqui (acho que sim), mas imagine dois cabeças de bagre (eu e a Rosangela), com um inglês limitado, ter que interagir em conversas e diálogos como esse:
- Olha, a cirurgia requer uma anestesia, cujo local de aplicação será a sua coluna vertebral;
- Vocês querem "guardar" o cordão umbilical da criança para futuro uso genético?
- As vacinas necessárias contra pólio, hepatite ou a hexa serão aplicadas em que data?
- De quanto em quanto tempo trocamos o curativo?
- Vocês já fizeram o teste do pezinho e do ouvido?

Parecem coisas simples, e são. Ainda mais para quem já viu isto ocorrer duas vezes.

Mas não em inglês, com médico malaio, com enfermeira filipina e anestesista chinês. E todos falando o inglês.
Infelizmente, não temos câmeras escondidas para ver o vídeo tape. Seria engraçado...

No final tudo foi simples, simples.
Agora o resultado já esta em casa, mamando e crescendo bastante.

Abaixo seguem as primeiras fotos no hospital em Singapura:

a) As duas fotos abaixo mostram a vista da janela do dormitório que ficamos. O hospital foi o Raffles Hospital, bem perto do circuito de F1 e do centro financeiro.
Este hospital é considerado como um dos melhores da ilha, entretanto, depois, viemos a descobrir que não possui um bom serviço de UTI para neo natal. Talvez se soubéssemos disso não teríamos tido a Beatriz nele.


b) O dia ao amanhecer...

c) No momento da internação e na sala de espera do centro cirúrgico. Haja frio na barriga e espinha....


d) Já com a nossa menininha no quarto. Conseguimos tirar algumas poses com os olhos abertos.





e) Nossos primeiros visitantes ilustres...



 f) No dia da liberação médica o obstetra foi nos dar um alô e tchau! Dr Jazlan.


sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Coisas-freaks-da-asia-pacifico - Parte 2



Já havia citado anteriormente que não é barato ser proprietário de um carro em Singapura. Objeto de desejo para poucos. Explico:
  • Preço absurdamente exorbitantemente ridiculamente abusivo. Por incrível que pareça um carro em Singapura é mais caro que no Brasil;
  • Nem taxista aqui tem direito a ser dono do veículo. Os carros são de propriedade do dono da empresa de táxis. Os motoristas pagam uma tipo de aluguel para ter o direito de trabalhar. Não há salário fixo, necessita fazer várias viagens para ter um salário médio mensal de 3 mil dólares de singapura por mês;
  • Para que carro se há um transporte público eficiente? Portanto, não é necessário ter carro para se locomover ao trabalho. Adiciona-se a isso o fato de a frota de táxi ser grande e barata.
  • Aqui se paga pedágio eletrônico. Não existe guichê ou guarita para pagamento de pedágio. Tudo aqui funciona com um "Sem Parar" colado no vidro do carro. A diferença é que você insere um cartão com chip no aparelhinho e ele é pré pago. ou seja, antes de sair com o carro, evite problemas e carregue o seu cartão em qualquer loja de conveniência na rua, postos de gasolina ou caixas eletrônicos. Inclusive estacionamento de shopping center somente abre a cancela com esse sistema. 
Carro é sinônimo de prosperidade e de status social;

Enfim, este post dedicarei a alguma curiosidades sobre carros em Singapura.

Nota: começamos os itens pelo M, para obedecer a sequência iniciada no post anterior:  coisas-freaks-da-asia-pacifico

M) Sei que iríamos achar coisas surreais no cotidiano popular paulista. Não é preciso viajar do outro lado do planeta para encontrar coisas "diferentes". Mas já que estou aqui, permitam-me tirar um sarro dos asiáticos.
Ter um carro significa que você possui bom nível econômico. Entretanto, como no Brasil, ser rico, muitas vezes é inversamente proporcional a ser sensato, principalmente na decoração automotiva.
Aqui também tem gente rica .... e brega... ah como tem:




Este tipo de decoração é super típico por aqui.Vai entender!

N) Chinês é um povo muito supersticioso. São super preocupados em verificar coisas que trazem sorte ou azar. Tem época certa para adquirir bens, cor, nome e números de placa. Algumas placas de automóveis chegam a valer uma fortuna por este motivo.
Normalmente as placas de Singapura possuem 3letras, 4 números e 1 letra; Por exemplo, a placa do meu carro é: SNF 4318 K
Como carro é sinal de prosperidade e de status, muitos chineses compram placas especiais disponibilizadas pelo governo. Por exemplo, há placas assim: SKF9A ou SMM10M
Além de demonstrar para todo mundo que possuem um carrão, também chamam a atenção pelas placas personalizadas cujo valor pode chegar a valer mais de 70 mil dólares.
Na garagem do condomínio que moramos é um desfile de carros importados. Ferraris, Porshes, BMWs e fica evidente quem são as pessoas que querem demonstrar e aquelas mais recatadas. Os europeus ficam com o troféu "tenho e não preciso demonstrar". Os chineses, com o prêmio "Vim, venci, tenho din din e preciso demonstrar".

 

Para que ter um carrão, com placa personalizada, se é possível ter três carros brancos, do mesmo fabricante, but modelos distintos. Na foto acima somente aparecem dois dos carros do chinês milionário. Notem a placa do veículo contendo "999".


O) Verdades universais: A crise é globalizada e a mensagem é universal - não importa qual lugar do planeta. Todos com a mesma percepção sobre o perigo iminente de deixar carros serem manejados por mulheres. Abaixo é possível ler "No Woman, No Worry" ou algo do tipo "sem mulher, sem preocupação". Simplesmente um gênio. (Clique na foto para ampliar e visualizar melhor).

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Preparativos para a Copa do Mundo e Olimpíada: um paralelo com Singapura

Creio que já escrevi isso anteriormente, mas vai novamente uma constatação baseada em pura observação:
Uma das formas de se ver se há investimento e prosperidade no país é só você verificar a quantidade de guindastes e gruas instaladas.
Uma breve passada por Singapura fica evidente que estão injetando toneladas de dinheiro em infra-estrutura.
Lembro de ir para Buenos Aires e de ver um cenário totalmente inverso a isso aqui de Singapura. Para quem vai lá, dá pena de ver uma cidade tão bonita e com tanta diversidade cultural se degradando por falta de dinheiro.
Por fim, esta pequena introdução para falar de investimentos para a Copa do Mundo e Olimpíada.

Esta semana li pela Internet uma entrevista com a nossa Ministra do Planejamento - segue trecho na integra (fonte: o Globo):
" A ministra do Planejamento, Miriam Belchior, afirmou nesta segunda-feira que as obras de mobilidade urbana (ônibus, trens e metrôs) não são essenciais para a realização da Copa do Mundo de 2014 no país. A ministra, que falou sobre o tema em almoço promovido pelo grupo de Líderes Empresariais (Lide), reconheceu que essas obras são importantes para as cidades sedes. Porém, acrescentou, a falta desses investimentos pode ser contornada por meio de medidas alternativas, como a decretação de feriados nos dias dos jogos".

Voltando a palavra: como pode uma ministra do planejamento dizer tamanha besteira???
Que lógica incrível. É claro que turista não necessita tomar um busão ou um trem. Com tanta alternativa sobrando em São Paulo, eles também podem optar em alugar um carro e enfrentar o tranquilo tráfego da cidade, ou ainda deve ser muito barato fretar helicópteros.
Energúmenos, Incapazes e Incompetentes - pequenos adjetivos para rotular esse pessoal que esta no comando de uma das potências econômicas mundiais.

Como pode uma cidade como São Paulo estar com estádio atrasado (vide que vai ficar de fora da Copa das Confederações), sem aeroporto digno, sem um porto eficiente, com um trânsito de deixar qualquer um fora do sério, etc.
Expliquem-me!!! Eu sei, não tem explicação...

Uma ilha como essa, com suas poucas indústrias consegue fazer tudo isso. Um dos maiores centros financeiros e econômicos deste lado do planeta. excelente infra-estrutura, transporte público, rede hoteleira, aeroporto decente e sistema marítima e portuário impecável.
Sem brincadeira: quando o avião chega em Singapura, são alguns minutos para estacionar a aeronave, outros poucos minutos para desembarcar e outros pouquíssimos minutos para apanhar a bagagem na esteira. Já cheguei a fazer uma viagem internacional cujo tempo de sair do avião e entrar em casa não passou de 30 minutos.

Entretanto São Paulo não deixa nada a desejar em volume de dinheiro e negócios que se faz nessa cidade.

Creio que aqui eles tem uma outra definição de planejamento: Longo prazo, sem distinção partidária, sem venda de gabinete, sem corrupção e impunidade, e, obviamente, utilizam profissionais de verdade para exercer uma função pública.
Esta ministra acéfala poderia ser tratada com algumas chibatadas, que tal?

Para finalizar, aqui existia um pequeno estádio de futebol, cuja dimensão mal comportaria um clássico paulista ou um show de rock. Como resolver um problema como esse? Simples! Colocaram tudo no chão e estão construindo um super moderno no lugar, daqueles que podem sem problemas comportar um show do U2, por exemplo. Não duvido nada desse estádio ficar pronto mais rápido que os brasileiros.
Abaixo algumas fotos do empreendimento iniciado em Março desse ano.





Música? Legião Urbana - Que País é esse?
http://www.youtube.com/watch?v=Tt4j1WuqpQU


Por que essa música?
Música tosca, mas que marcou a minha geração. 4 acordes bem simples, pra qualquer um poder sair por aí fazendo barulho na guitarra ou violão. Letra ingênua, porém politizada.
Nota: clipe bem tosco hein?

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Lição para toda a vida - como aprender pela dor.


Parênteses: Agora estamos numa fase de observar os defeitos desse lugar.

Já haviam nos alertado. Passado alguns meses a gente começa a sentir tédio da vida perfeita e da boa qualidade de vida. Consequentemente, somente nos resta agora observar o ambiente para encontrar falhas e defeitos. Vai entender o ser humano!

O povo de Singapura é folgado. Explico: o pessoal daqui não é nada cortês:
- Não gosta de respeitar uma fila;
- Não dá preferência aos mais velhos em assentos de ônibus ou metrô;
- Dirigi o carro muito mal;
- Para o veículo em qualquer lugar e situação, atrapalhando o tráfego, etc.

Há uns meses atrás aconteceu uma coisa interessante.
Eu já havia notado que os "locais" sentam em qualquer assento do trem, mesmo os reservados, e fingem dormir para não ser aborrecidos ou terem que ceder o lugar.
Pois bem, um idoso entrou numa das composições e, com o cabo de um guarda-chuva, sacudiu a perna de um jovem que estava no assento reservado. O rapaz ergueu a cabeça furioso e mandou o velho para aquele lugar, e não saiu de onde estava.
O velhinho indignado, sacou o celular e publicou no mural de seu Facebook. Pronto... estardalhaço e repercussão geral aqui na ilha. De modo viral todos começaram a apoiar o velhinho. A coisa ganhou tais proporções que chegaram a identificar o rapaz, e iniciaram protestos e insultos também no Facebook. Os insultos acabaram culminando no PC do diretor geral da companhia que ele trabalha(va) - o banco HSBC.
O diretor se pronunciou em rede pública e para a imprensa para defender os valores da empresa, obviamente distintas do jovem funcionário.
Final da história: O rapaz teve que pedir desculpas em público, disse-se arrependido e que aprendera a lição moral.
O governo depois disso iniciou uma campanha em pró dos assentos reservados.


Três fatos curiosos de tudo isso:
a) As redes sociais não possuem credo, raça, cor e idade. É um espaço democrático e esta muito popular em qualquer faixa etária;
b) Celular é religião por aqui. Falar ao celular, escutar música, enviar mensagens, acessar as redes sociais, isso é um vício por aqui. Inclusive fizeram uma campanha para tentar fazer com que as pessoas interagissem mais com outras pessoas - sem o celular
c) Finalmente, o que ocorreria se isso tivesse ocorrido no Brasil - em São Paulo, por exemplo. Posso tentar adivinhar: O velhinho ia ficar com dor nas pernas; O malandro continuaria a sentar nos assentos reservados; Os celulares somente seriam utilizados para escutar música bem alto e sem fones de ouvido - é claro; 3G não funciona e é continuaria sendo muito caro e de uso elitizado; O diretor da empresa estaria preocupado em maximizar os lucros no semestre, pouco se cagando para o bad funcionário; E finalmente, o governo continuaria a dar a assistência ao povo, do mesmo jeito que vem fazendo nas últimas 30 eleições.


Música:Gilberto Gil - Pela Internet
 ou acesse o link: http://www.youtube.com/watch?v=H5Xa5DzBaYs&feature=related

Por que essa música: Eu não sou um fanático por esse cara. Ela já foi utilizada como tema de material publicitário. Ela nos remete bem ao tema desse post, e a letra é sensacional.

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Delícia de mergulho....


Como já dito em post anterior, Bernardo é virado no “jiraya”, coisa que adoro de paixão, era exatamente assim que gostaria que ele fosse.

Ele está na fase dos famigerados "terrible twos", onde todos os dias me presenteia com altas doses de birra e frustração intercaladas com fofurices sem tamanho, onde me deixa toda apaixonada e me tira boas gargalhadas.
Ele adora água, e comecei a deixa-lo apenas com uma bóia na piscina, e o garoto está se saindo muito bem.
Hoje pela manhã, fomos ao parque e depois uma passada na piscina para refrescar o garoto. A mamãe coloca a fralda de piscina e apenas uma bóia e joga coloca o rapaz na água, e fica do lado de fora morrendo de calor apenas observando as gracinhas do pequeno, e  entre pulos, mergulhos, pedaladas e algumas tentativas de braçadas, ele se cansa, sai da piscina, pega o patinete e vai andar um pouquinho, depois volta com a bóia na mão, me entrega e pula na piscina. A mamãe aqui inchada de tanto orgulho, fica na beirada da piscina observando, dando gritinhos de muito bem filho, então começa o ciclo pular sem bóia nadar um pouco até a escada, sair da piscina, pular, nadar um pouco.....e novamente pular, nadar um pouco e ficar por lá, submerso, tentando nadar pra cima, mas sem sucesso, então, com toda calma do mundo, eu me ajoelho, estico o braço e tento puxar o moleque, mas como está batendo as perninhas, ele vai se afastando, e eu, tentando me esticar, até que também caio na piscina, uma cena ridícula bonita de se ver, pois a louca mãe está na fase do puerpério e trajava roupa inapropriada para banho.

O vídeo abaixo foi gravado esta semana quando ele começou a usar somente uma bóia.


Mãe e filho ensopados pisando em solo felizes da vida,  olho para o garoto e ele me solta uma gargalhada e tenta pular novamente.
Digam que não é para morrer de tanto dar risada. A única coisa que me deixou chateada, foi que somente euzinha presenciei esta cena tão engraçada, portanto, não terá registro de fotos...uma pena.

Filho, obrigada por esta manhã tão divertida!!!!

Música: Sempre assim – Jota Quest

Porque dessa música? Pq depois que minha vida virou dedicação total aos meus filhos, os meus dias são SEMPRE ASSIM.......Cheio de alegria, risadas, boas historias e muito amor!

sábado, 3 de setembro de 2011

Mundo Globalizado X Empresa Globalizada: como Singapura interage com isso?

O que você acharia de trabalhar numa empresa com um superintendente inglês, que comanda um diretor sueco, que gerencia pessoas italianas, chinesas, tailandesas e um brasileiro.
Ou de uma sueca, filhos de pais chineses, noiva de uma macedônio, e que tem uma irmã vivendo na Indonésia.
Ou ainda um lugar dirigido por um indiano, gerenciado por um egípcio, coordenado por um irlandês, que supervisiona um filipino?
Ou um vendedor inglês, com o suporte de um chileno e um brasileiro, apresentando um produto para um gerente alemão, numa fábrica australiana.

Esta colcha de retalhos é o que acabo encontrando nessa minha nova rotina de trabalho, cujo único ponto comum é que trabalhamos na mesma empresa e falamos a língua inglesa.
E isso vem me fascinando. Todas essas diferenças culturais juntas e interagindo.


A Ásia hoje esta consumindo tudo - recursos naturais, dinheiro, alimentos e recursos humanos.
Notem como seria terrível ao Brasil se ainda estivéssemos dependentes da América do Norte em crise e se não tivéssemos esta abertura de mercado e exportações para o mercado asiático.
Carne, soja, minério de ferro, laranja, celulose ......

É comum encontrar estrangeiros trabalhando no Brasil, nos Estados Unidos, mas não no número e proporção que se encontra por aqui. E isto não é uma exclusividade da empresa ao qual trabalho, são de todas.
Escutei de alguém que este continente esta muito parecido com a corrida do ouro e novas terras no Velho Oeste americano. Lembram daqueles seriados como "Os Pioneiros" e "Bonanza" ou filmes de bang bang que tratavam desse assunto?

Minha tese - sem nenhum critério científico ou de pesquisa prévia - é que, obviamente, este lado do planeta carece de mão de obra, e para complementar, o povo daqui não é muito chegado fácil de se lidar no batente.

A questão de falta de mão de obra é fácil de explicar: Imagine um lugar que de uma década para a outra virou o novo eldorado mundial;
Adicione ao fato que as grandes multinacionais e bancos estão injetando rios de dinheiro em novas fábricas, filiais, escritórios regionais, centros logísticos e infra-estrutura;
Soma-se às guerras de incentivos fiscais que os governos desses países oferecem para atrair capital e empresas estrangeiras;
E por fim, imagine países que não tinham nada, e em um curto espaço de tempo, precisam preencher milhares de postos de trabalhos originados na Indústria e Serviços.
Não é muito difícil de entender essa conclusão óbvia da primeira parte da minha tese.
 
Já a segunda é um tanto mais polêmica e pode soar pejorativa e preconceituosa: o povo daqui é muito tapado e passivo.
Exceto a Austrália e Índia, que tem um padrão mais ocidentalizado e parecido com o nosso, o que se vê em Singapura é uma população carente em próatividade e flexibilidade. Sempre há exceções, mas se eu puder generalizar e colocar todos num único contexto, creio que o resultado final não seria muito bom.
Dificilmente vemos um diretor de empresa, ou mesmo gerentes cuja nacionalidade é de Singapura.
A maioria dos nativos permanece com cargos operacionais.
Singapura é um caso típico de como empresas multinacionais tem dificuldade de adaptar seus modelos de gestão, processos e negócios com essa massa de "cabeça de bagre". Aí o final da história todos conhecem - Aqui é um país cuja população de expatriados, proporcionalmente, é a maior do mundo.

Realmente entender o mecanismo social da Ásia não é tarefa fácil de se fazer, e mesmo para especialistas, ficaria difícil tentar determinar um padrão de comportamento, pois são muitos.
Minha rasa e breve observação de Singapura diz que este país tem problemas sérios de comprometer pessoas. Não que os nativos sejam pessoas mal educadas ou irresponsáveis, pelo contrário. Estudam em boas escolas e tem bom nível de inteligência.
O maior desafio que vejo é a característica predominante de que eles não gostam muito de tomar a frente de problemas - não "compram" o problema lheio. Não existe aquela história de jeitinho ou planos B ou C, tampouco empatia. Seguem o lema do "Eu faço e cumpro o meu dever e o resto que se  fxxx". Soa como egoísmo.

No campo profissional eles tem medo do incerto, de arriscar, de dar palpites. Se a tarefa envolve repetição e atenção, talvez sejam os melhores do mundo em executá-la, entretanto se envolve algum tipo de negociação fora dos padrões conhecidos ou pouco ortodoxos, aí deixam a desejar.
E não venham me falar que eles não são espertos. O pessoal daqui é muito malandro!

A Rosangela fala de um ditado que é o seguinte: "Eles se fingem de morto para comer o C do coveiro".
Eles são campeões de ultrapassar pela faixa proibida, cortar fila, não parar na faixa de pedestre, bater o carro e fugir se não tiver ninguém vendo, cuspir no chão ,etc. Agora eu começo a entender o porque do governo daqui praticar leis tão rigorosas. Imagine se não o fossem....
Portanto, aqui eu já derrubo um paradigma de que tudo aqui é perfeito e organizado. Realmente é, mas não pelo povo e sim pelo Estado. Ele é controlador e autoritário, fazendo o papel de pai severo. Quando algo sai do controle, pune-se com multa, açoite ou cadeia.
Funciona e eu adoro, mas muitas vezes, no mundo corporativo, isso acarreta em problema, falta de produtividade e stress para todos.

No final eu concluo que aqui o importante é garantir o "Eu". O "Nós" ou "Eles" somente com vara curta, desde que se estabeleça regras bem claras e definidas - que convenhamos não ser muito fácil de se fazer.

Música: Titãs - Disneylandia 
ou copie e cole o link: http://www.youtube.com/watch?v=kQMgTHyJwVc

Por que: Acompanhe a letra (ruim por sinal), mas no final explica bem esse contexto de globalização.