Por que "A Família do Futuro"?

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Singapore
O nome do Blog surgiu de uma brincadeira, pois é muito curioso pensar que estaremos fisicamente onze horas à frente de nossa terra natal. Em Singapore, teoricamente, tudo ocorre primeiro que no Brasil. Aqui tentaremos ser cronistas de nós mesmos, interpretando o mundo à nossa volta em palavras simples e diretas. Mostraremos as aventuras de Marco, Ro, Carol, Bernardo, Beatriz e Eduardo em terras distantes. Rev3: Durante o tempo de existência desse blog, esta introdução foi alterada 2 vezes por incremento de novos integrantes.

sábado, 3 de setembro de 2011

Mundo Globalizado X Empresa Globalizada: como Singapura interage com isso?

O que você acharia de trabalhar numa empresa com um superintendente inglês, que comanda um diretor sueco, que gerencia pessoas italianas, chinesas, tailandesas e um brasileiro.
Ou de uma sueca, filhos de pais chineses, noiva de uma macedônio, e que tem uma irmã vivendo na Indonésia.
Ou ainda um lugar dirigido por um indiano, gerenciado por um egípcio, coordenado por um irlandês, que supervisiona um filipino?
Ou um vendedor inglês, com o suporte de um chileno e um brasileiro, apresentando um produto para um gerente alemão, numa fábrica australiana.

Esta colcha de retalhos é o que acabo encontrando nessa minha nova rotina de trabalho, cujo único ponto comum é que trabalhamos na mesma empresa e falamos a língua inglesa.
E isso vem me fascinando. Todas essas diferenças culturais juntas e interagindo.


A Ásia hoje esta consumindo tudo - recursos naturais, dinheiro, alimentos e recursos humanos.
Notem como seria terrível ao Brasil se ainda estivéssemos dependentes da América do Norte em crise e se não tivéssemos esta abertura de mercado e exportações para o mercado asiático.
Carne, soja, minério de ferro, laranja, celulose ......

É comum encontrar estrangeiros trabalhando no Brasil, nos Estados Unidos, mas não no número e proporção que se encontra por aqui. E isto não é uma exclusividade da empresa ao qual trabalho, são de todas.
Escutei de alguém que este continente esta muito parecido com a corrida do ouro e novas terras no Velho Oeste americano. Lembram daqueles seriados como "Os Pioneiros" e "Bonanza" ou filmes de bang bang que tratavam desse assunto?

Minha tese - sem nenhum critério científico ou de pesquisa prévia - é que, obviamente, este lado do planeta carece de mão de obra, e para complementar, o povo daqui não é muito chegado fácil de se lidar no batente.

A questão de falta de mão de obra é fácil de explicar: Imagine um lugar que de uma década para a outra virou o novo eldorado mundial;
Adicione ao fato que as grandes multinacionais e bancos estão injetando rios de dinheiro em novas fábricas, filiais, escritórios regionais, centros logísticos e infra-estrutura;
Soma-se às guerras de incentivos fiscais que os governos desses países oferecem para atrair capital e empresas estrangeiras;
E por fim, imagine países que não tinham nada, e em um curto espaço de tempo, precisam preencher milhares de postos de trabalhos originados na Indústria e Serviços.
Não é muito difícil de entender essa conclusão óbvia da primeira parte da minha tese.
 
Já a segunda é um tanto mais polêmica e pode soar pejorativa e preconceituosa: o povo daqui é muito tapado e passivo.
Exceto a Austrália e Índia, que tem um padrão mais ocidentalizado e parecido com o nosso, o que se vê em Singapura é uma população carente em próatividade e flexibilidade. Sempre há exceções, mas se eu puder generalizar e colocar todos num único contexto, creio que o resultado final não seria muito bom.
Dificilmente vemos um diretor de empresa, ou mesmo gerentes cuja nacionalidade é de Singapura.
A maioria dos nativos permanece com cargos operacionais.
Singapura é um caso típico de como empresas multinacionais tem dificuldade de adaptar seus modelos de gestão, processos e negócios com essa massa de "cabeça de bagre". Aí o final da história todos conhecem - Aqui é um país cuja população de expatriados, proporcionalmente, é a maior do mundo.

Realmente entender o mecanismo social da Ásia não é tarefa fácil de se fazer, e mesmo para especialistas, ficaria difícil tentar determinar um padrão de comportamento, pois são muitos.
Minha rasa e breve observação de Singapura diz que este país tem problemas sérios de comprometer pessoas. Não que os nativos sejam pessoas mal educadas ou irresponsáveis, pelo contrário. Estudam em boas escolas e tem bom nível de inteligência.
O maior desafio que vejo é a característica predominante de que eles não gostam muito de tomar a frente de problemas - não "compram" o problema lheio. Não existe aquela história de jeitinho ou planos B ou C, tampouco empatia. Seguem o lema do "Eu faço e cumpro o meu dever e o resto que se  fxxx". Soa como egoísmo.

No campo profissional eles tem medo do incerto, de arriscar, de dar palpites. Se a tarefa envolve repetição e atenção, talvez sejam os melhores do mundo em executá-la, entretanto se envolve algum tipo de negociação fora dos padrões conhecidos ou pouco ortodoxos, aí deixam a desejar.
E não venham me falar que eles não são espertos. O pessoal daqui é muito malandro!

A Rosangela fala de um ditado que é o seguinte: "Eles se fingem de morto para comer o C do coveiro".
Eles são campeões de ultrapassar pela faixa proibida, cortar fila, não parar na faixa de pedestre, bater o carro e fugir se não tiver ninguém vendo, cuspir no chão ,etc. Agora eu começo a entender o porque do governo daqui praticar leis tão rigorosas. Imagine se não o fossem....
Portanto, aqui eu já derrubo um paradigma de que tudo aqui é perfeito e organizado. Realmente é, mas não pelo povo e sim pelo Estado. Ele é controlador e autoritário, fazendo o papel de pai severo. Quando algo sai do controle, pune-se com multa, açoite ou cadeia.
Funciona e eu adoro, mas muitas vezes, no mundo corporativo, isso acarreta em problema, falta de produtividade e stress para todos.

No final eu concluo que aqui o importante é garantir o "Eu". O "Nós" ou "Eles" somente com vara curta, desde que se estabeleça regras bem claras e definidas - que convenhamos não ser muito fácil de se fazer.

Música: Titãs - Disneylandia 
ou copie e cole o link: http://www.youtube.com/watch?v=kQMgTHyJwVc

Por que: Acompanhe a letra (ruim por sinal), mas no final explica bem esse contexto de globalização.

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