Por que "A Família do Futuro"?

Minha foto
Singapore
O nome do Blog surgiu de uma brincadeira, pois é muito curioso pensar que estaremos fisicamente onze horas à frente de nossa terra natal. Em Singapore, teoricamente, tudo ocorre primeiro que no Brasil. Aqui tentaremos ser cronistas de nós mesmos, interpretando o mundo à nossa volta em palavras simples e diretas. Mostraremos as aventuras de Marco, Ro, Carol, Bernardo, Beatriz e Eduardo em terras distantes. Rev3: Durante o tempo de existência desse blog, esta introdução foi alterada 2 vezes por incremento de novos integrantes.

domingo, 13 de março de 2011

Uma semana de Rush na India

Mais uma semana puxada de trabalho.
Não que as reuniões ou atividades da empresa sejam pesadas. O maior problema são os deslocamentos de um lugar ao outro, e a diferença de fuso horário.
A semana começou no domingo à tarde. Saída de Singapura, com vôo direto para New Delhi. O vôo é tranquilo e confortável, com duração de cerca de 6h e meia - para quem já viajou 27 horas, isso é moleza.
New Delhi é capital da Índia. Também a maior cidade. Ela fica localizada no Norte do país e bem longe do litoral. Assim como o país, é super populosa. Não consultei, mas deve figurar entre as mais populosas do planeta.
Bem, a primeira impressão sempre é a imagem do aeroporto. E que aeroporto bonito. Interessante porque é o cartão de visita do país. O aeroporto deles não deixa a desejar para ninguém: grande, novo, confortável, com ampla área de serviços e muito bem organizado.
Realmente, na minha modesta opinião, ainda temos o pior aeroporto do mundo. Realmente tenho vergonha do aeroporto de bagulhos. Tinha esperança de encontrar coisa pior, mas ainda somos a referência. E olha que já conheci aeroportos como do Peru, Venezuela, África do Sul, etc. Todos muito superiores ao nosso.

Se o aeroporto é de primeira grandeza, o mesmo já não se pode falar do restante da cidade e das redondezas por onde passei.
A Índia tem gravíssimos problemas de infraestrutura e de pobreza acentuada. Imaginem um Brasil com muitos problemas, mas multiplicado por 10. Creio que isso consegue descrever bem este país.

Depois de se ficar muito tempo infurnado em Singapura, conhecer a perfeição da Austrália, é bom ver um pouco de zona para matar a saudade.........

O problema começa no péssimo atendimento do funcionalismo público do aeroporto. Lento e burocrático. Tudo com filas enormes, muito moroso.

O tráfego. Marginal Tietê é um paraíso, dá até saudade. A gente reclama de barriga cheia.
Aqui são bicicletas, pessoas, motos, triciclos, carros, caminhões, ônibus, tratores, todos brigando por espaço nas ruas. Aqui é terra de sem lei de tráfego. Ninguém obedece semáforos, ninguém anda em fila, nas faixas, cada um faz o que quer.
Num lugar que andariam 5 carros um ao lado do outro, em pistas demarcadas, ficam se espremendo, tentando furar fila, levar vantagem e acabam fazendo 8 ou 9 filas de carros. Não contentes em apertar um ao outro, não tiram a mão da buzina.
Não deixa de ser surreal. Em SP temos os motoboys. Na Índia são as motos, triciclos, carros, caminhões, ônibus e tratores. Só faltavam as bicicletas e as pessoas buzinarem também.
É estridente e no começo choca. Outra peculiaridade: imaginem aquela típica cena paulistana: O cara dá uma fechada em outro carro. O outro fica puto, buzina e manda o cara para a merda. O que foi xingado faz aquele sinal com o dedo e também manda lembranças para a distinta mãe do outro motorista. Estou sendo simplista para não ser mais trágico.
Aqui na Índia isso não existe. Incrível! Ninguém se altera. Ninguém discute no trânsito.
Os carros andam tão apertados que eles já se acostumaram a andar com os retrovisores fechados.
Isso quando não se tem gente na contramão; Só indo lá para ver que não estou exagerando.

As estradas são muito ruins. Mal sinalizadas e esburacadas. Uma viagem de cerca de 300km de distância, durou aproximadamente 9 horas. Saímos do hotel às 09 da manhã e fomos chegar no cliente por volta das 18 horas.

Postos de gasolinas e áreas de serviços - nada.

Banheiro, de vez em quando. Ou no mato ou improvisa-se.
Aliás esse assunto chega a ser até triste. Eles não consomem papel higiênico. O pessoal limpa com a mão (e com água). Obviamente, não sendo nada recomendado, em termos de boas práticas de higiene. Inclusive no hotel, os rolos de papéis são bem menores, devem vir menos de 10m de papel no rolinho.
Água - eu sempre estava com uma garrafa a tira-colo. Inclusive para escovar os dentes eu usava água mineral. Quando achei que tudo não passava de preconceito, vi uma manchete de um periódico local, que mostrave uma grave crítica contra o governo municipal, devido a problemas na qualidade da água potável, pois quase 20% dos pontos inspecionados estavam contaminados.


Já os indianos são como nós. Muito receptivos, gostam de bater papo, gostam de contato físico, são irônicos, simples. Somos muito parecidos em muitas coisas, tanto pelos problemas políticos e sociais, como pelo comportamento.
Uma coisa muito engraçada neles é que eles querem dizer 'sim' quando a balançam a cabeça no sentido da negação. Várias apresentações realizadas e percebia que não estava agradando. todo momento eu tentava fazer uma verificação com a audiência e sempre via sinais de negação com a cabeça. Num momento oportuno fui perguntar a um colega da empresa, o porquê de eles não estarem concordando. Ele deu risada e me explicou que todas as vezes eles estavam fazendo auqle sinal, significava o contrário.Diferente dos nossos costumes.
Eles são muito religiosos e espiritualistas. Muitos indianos não reclamam da vida que tem, simplesmente por que é o Karma deles passar por tudo aquilo. Portanto, são pobres, miseráveis... e felizes.
O pessoal local que estava viajando comigo tinham duas religiões: uns eram hindus e outros sekg.
Os hindus não comem carne. Somente frango e olhe lá. Entretanto, há outros que não comem nenhum tipo de carne, somente comida vegetariana.
Os sekg são os que usam turbantes e barbas no rosto. Todos são obrigados a usar a vestimenta. Como diz a Carolina "são os que parecem piratas".
Ainda há um outro grande grupo que são os muçulmanos, sem falar nas dezenas de outras religiões e línguas existentes.
No meio da semana passada eu estava louco para comer um bife, um filé, até mesmo um hamburger, e nada. Fomos até o McDonnalds e vi a foto do BigMac. Não pensei duas vezes. Carne, carne. Quando mordi era de frango e ao molho curry. Alíás, tudo aqui leva pimenta ou algo ardido, ou os dois. Só não lembro de ter provado pimenta na Coca Cola.
Eles comem com mão esquerda (pois a direita é usada no lugar do papel higienico). É muito comum eles não usarem talheres ou guardanapos. Ajuntam a comida com os dedos e mandam para dentro. No começo choca, depois se acostuma.

Lá eles não gostam de futebol. Por outro lado amam o Críquete. É o esporte número um deles. Para ajudar, neste momento, esta ocorrendo a Copa do Mundo na India, e o povo esta super apreensivo, pois a Índia não é campeã há quase 20 anos.

Cheguei até a viajar de trem, indo de New Delhi a Ludhiana em cerca de 5 horas. A viagem é confortável e tranquila. Inclusive tem serviço de bordo no vagão. Eu me lembro que o colega da SKF (Rajiv) disse que comemos um snack num estado, um aperitivo em outro estado, o jantar em outro estado e finalmente, um chá com sobremesa num quarto estado. Ou seja, numa viagem de 5 horas, passei por 4 estados diferentes. Só não me perguntem os nomes, por que é impossível ler os caracteres deles.


Depois eu posto as poucas fotos que tirei da viagem.

Nenhum comentário:

Postar um comentário